Belo Monte: o golpe do leilão

Telma Monteiro

Crítica

O leilão de compra de energia de Belo Monte teria que ter mais de um grupo concorrente na disputa. Odebrecht e Camargo Corrêa que estavam no controle de um dos grupos acabaram desistindo. Na última hora foi formado outro consórcio com nove empresas entre as quais a estatal Chesf e algumas empreiteiras menores. Esse novo consórcio serviria para legitimar o certame.

A Andrade Gutierrez, uma das três grandes empreiteiras que, junto com Odebrecht e Camargo Corrêa, elaboraram os estudos de viabilidade técnico-econômica e o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) manteve-se na disputa liderando um consórcio.

Estranhamente, o consórcio liderado pela Andrade Gutierrez que, pela lógica, seria o vencedor, no qual todos apostavam, entrou para perder. Eles deram um lance para o Megawatt hora que não dava margem para ganhar o leilão. O azarão, grupo para tapar o buraco e dar uma falsa idéia de concorrência, acabou sendo o vencedor.

Logo após a divulgação do vencedor do leilão, a empreiteira Queiroz Galvão anunciou sua saída. J. Malucelli também foi dada como desistente, mas parece que ainda está pensando. As empresas só poderão debandar depois de assinado o contrato de concessão.

Com isso, as três grandes empreiteiras estão com a faca e o queijo na mão: têm todo o conhecimento da região onde pretendem construir Belo Monte, pois são autoras de todos os estudos técnicos e dos projetos. Embora estejam fora do empreendimento como investidoras, elas querem é que o empreendimento saia do papel.

Parece claro que as empreiteiras que idealizaram, com a Eletrobrás, esse monstro no rio Xingu, sempre tiveram como único interesse, o de fazer a obra e faturar na frente, sem a responsabilidade de cumprir condicionantes ambientais, programas de mitigações ou defender ações na justiça. Espertamente, Odebrecht, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez, deram um jeito de o leilão ser concretizado sem elas. Nos bastidores já articulam a divisão do trecho.

Para o governo que vai usar o dinheiro do contribuinte para financiar Belo Monte e assim viabilizar a qualquer custo a maior obra do PAC da Dilma, correu tudo bem.

"A obra [coração de mãe] é muito grande, tem espaço para todo mundo" disse um assessor de Lula.

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