Drama ecológico de Belo Monte


As hidrelétricas são uma agressão à natureza.

Seus operadores tomam para si o papel de definir de forma antinatural a vazão remanescente dos rios, a chamada “vazão ecológica”.

Só a própria natureza pode determinar a quantidade de água necessária para a sustentabilidade ecológica de um rio sazonal como o Xingu, em todos os anos e em todas as estações do ano.

O hidrograma ecológico proposto para Belo Monte não garantiria vazões mínimas para permitir a navegação na seca e vazões que inundem as florestas aluviais e nem a dinâmica natural hídrica do rio Xingu, no trecho de 100 km a jusante da barragem Pimental, na Volta Grande, considerando a sazonalidade regional.

Ao contrário do que afirma o EIA, o ecossistema desse trecho, com a barragem, não suportaria vazões insuficientes nas planícies de inundação, pois o ecossistema dos pedrais estaria ameaçado. O manejo inadequado poderia causar problemas ambientais como a redução da biodiversidade e a extinção de espécies de peixes. O ciclo reprodutivo de peixes e algumas espécies da flora dependentes da inundação das planícies não resistiriam a esse estresse hídrico.

Os desenvolvedores dos estudos ambientais de Belo Monte querem garantir que a quantidade de água a ser liberada pela barragem seja variável conforme os meses do ano. Como seria possível manejar a operação do reservatório na tentativa de reproduzir a dinâmica de sazonalidade imprescindível para a fauna e flora e a manutenção das características naturais dos pedrais?

Os responsáveis pelo estudo do hidrograma ecológico concluíram “que a regra prevista na Resolução da ANA, ou seja, o hidrograma ecológico apresentado [...] será cumprido com folga.”

Isso significaria que, no papel de “deuses”, eles controlariam a quantidade de água que passa pelo Xingu em cada época do ano, como determinado pela Agência Nacional de Águas (ANA).

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