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Mostrando postagens de novembro, 2012

Ferro-gusa: valor desagregado

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Gusa em brasa em Açailândia (Foto: Jeremy Bigwood) Conheça melhor as indústrias que deveriam trazer desenvolvimento à Amazônia, mas acabaram associadas ao desmatamento ilegal e a geração de trabalho escravo Por Ana Castro Ele está presente na bicicleta, mas também nos trens, navios e metrôs. Na estrutura da sua casa, no secador de cabelo, na turbina do avião. No arado que prepara a terra para o plantio, no silo que armazena os grãos. Na latinha que conserva o alimento. Na extração de petróleo, na usina hidrelétrica. O aço faz parte da sua vida, em todos os aspectos. Ele representa 90% dos metais consumidos pela população mundial. E o ferro-gusa é essencial para a produção do aço. O ferro-gusa é, basicamente, uma liga de ferro, resultado da redução do minério de ferro, ao absorver carbono, em um alto-forno. A grande questão em volta da produção de ferro-gusa no Brasil e, em especial, na região de Carajás, é que se usa muito carvão vegetal. O carvão serve, segundo o liv

"Quem realiza leilões não pode ser o seu fiscal"

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Telma Monteiro Às vezes é bom a gente fazer uma faxina em gavetas e armários do escritório, depois de alguns anos guardando papeis, escritos, folhetos, notícias. Fiz isso ontem e fiquei  surpresa  com alguns recortes que resgatei da fogueira. "Quem realiza leilões não pode ser o seu fiscal" . " Você não é juiz de si mesmo" . Essas frases foram ditas em abril de 2003, durante o seminário "Agências Reguladoras: Avaliação de Performance e Perspectivas", na Câmara dos Deputados [1] . Quem disse? Dilma Rousseff, então ministra de Minas e Energia do governo Lula. A ministra se referiu à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Segundo Dilma Roussef a agência estaria incorrendo em conflito de interesses e a independência das agências seria crucial para combater o monopólio. Ela estava se preparando, nessa época, para criar a proposta do Novo Modelo Institucional do Setor Elétrico que virou lei em março de 2004.   Dilma criou o Novo Mode

Estrada de Ferro Carajás

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Sujos de carvão

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Em Açailândia (MA), a Pública acompanha o resgate de jovens explorados em carvoarias: “Eles consideram isso trabalho escravo, a gente nem sabia” Por Marina Amaral Fornos de carvão em Goianésia – PA (Foto: Jeremy Bigwood) A presença da Polícia Federal no Centro de Defesa da Vida Carmen Bascarán, em Açailândia (MA), é sinal de que mais uma vez a ONG dirigida pelo advogado Antonio Filho, sob ameaça de morte de um fazendeiro local, cumpriu sua missão. Daquela casa esticada em puxadinhos e jardins partem denúncias acompanhadas de coordenadas geográficas precisas sobre um crime em andamento. São os que fogem, ou conseguem avisar os parentes, que dão o alerta, repassado sem identificar as fontes ao Grupo Móvel do Ministério do Trabalho, que flagra os que escravizam trabalhadores e resgata as vítimas do trabalho forçado, degradante, perigoso nas fazendas de pecuária e nos fornos de carvão.

Por que a Vale foi eleita a pior empresa do mundo?

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Manifestação em Açailândia   No mesmo ano em que celebrou seu 70º aniversário, a mineradora também recebeu um indesejado prêmio, proposto por movimentos sociais da Amazônia Por Marina Amaral Duas visões de mundo se confrontam no 16º andar do edifício localizado no cruzamento da avenida Graça Aranha com a rua Santa Luzia, no centro do Rio de Janeiro. Desta vez, longe das câmaras de TV que meses antes registraram, na mesma esquina, o congestionamento provocado pela concentração de mais de duas mil pessoas que vieram da Cúpula dos Povos – o encontro dos movimentos sociais paralelo à Rio+20 –, trazendo faixas pedindo o veto da presidente Dilma Rousseff ao novo Código Florestal e a paralisação das obras da hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu, obra emblemática do Plano de Aceleração de Crescimento (PAC) do governo federal que se tornou causa mundial do ativismo ambientalista e de apoio aos indígenas.

Carajás - a terra prometida da Vale

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Viagem a Canaã No Pará, a caminho do “maior projeto da história da Vale”, nossa equipe mostra a região onde tudo “tem, mas não está tendo”: empregos, royalties e desenvolvimento Por Marina Amaral Marabá é a porta de entrada da Amazônia que aparece nos cadernos de Economia dos jornais, não nos de Turismo. Essa é a primeira lição para não se decepcionar com a paisagem do hotel, ao lado do aeroporto, em plena rodovia Transamazônica. Entre postos de gasolina e serrarias, à margem da estrada, meia dúzia de hotéis oferecem ar condicionado, internet e um serviço feito por jovens simples metidos em uniformes “internacionais”, que chocam no verão amazônico. A chuva que nos recebeu na manhã de 14 de julho, foi a última da temporada, e tardia.

Nova corrida pelo ouro

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Entrevista especial com Telma Monteiro “A estrutura a ser criada no novo Marco Legal da mineração é exatamente similar ao da energia elétrica, só mudam as siglas”, constata a educadora ambiental. Confira a entrevista.  “O mesmo Estado que criou áreas de proteção para preservar os biomas demarcou terras indígenas, discutiu por anos a fio o novo Código Florestal, e agora está criando um monstro na forma de um novo Marco Legal da mineração que vai afetar justamente essas mesmas áreas especiais,  explorando seus recursos minerais ”. A declaração é de Telma Monteiro, ao criticar a proposta de um novo Código da Mineração. Para ela, a elaboração de um novo código para o setor causa a impressão de que “o Estado, que não tem (ainda) o poder de anular as leis já existentes ou de extingui-las, opta por criar novas leis que, na prática, acabam anulando as que se opõem aos seus projetos de poder”.

Energia e Sustentabilidade, edição de 18 de novembro

Energia e Sustentabilidade, edição de 10 de novembro

Diálogo Tapajós: tentativa de lavagem cerebral das comunidades

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Moradores de Montanha e Mangabal, rio Tapajós Foto: candidoneto.blogspot.com Telma Monteiro   "A reunião foi para fazer uma lavagem cerebral nas pessoas da comunidade" . Com essa frase começou minha conversa por telefone com um integrante da comunidade Montanha e Mangabal que se localiza na beira do rio Tapajós.   Na segunda-feira, 05/11, cerca de 20 pessoas foram chamadas de última hora para uma reunião com um representante da empresa Diálogo Tapajós, contratada pela Eletronorte. Gil Rodrigues conversou com a comunidade das 18h às 20h, na Central de rádio dos garimpeiros, em Itaituba, Pará. Gil se apresentou como alagoano de origem e agora morador de Itaituba. Disse que tinha sido contratado para promover o diálogo entre a empresa e as comunidades no entorno da planejada hidrelétrica São Luiz do Tapajós, no rio Tapajós. Tentou explicar como seria o projeto e como a empresa "magnânima" iria tratar magnanimamente os ribeirinhos. Apresentou mapas

Mineração assombra índios Yanomami

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Terra Indígena Yanomami (em rosa, no centro) e os processos minerários (quadradinhos amarelos) Índios yanomami rejeitam parecer do Projeto de Lei que pretende regulamentar exploração minerária em suas terras  Aldeia Watoriki, Barcelos (AM) , 02 de Novembro de 2012  Por Elaíze Farias, A Crítica Napë não tem dado trégua aos yanomami. Nem quando tira ouro de forma ilegal nem agora, quando apresenta um documento para legitimar a atividade garimpeira. Napë é “homem branco” na língua yanomami. Se for inimigo, ganha uma sílaba a mais: napëpë.

O índio e o monstro

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Índio isolado da TI Tanaru em fuga   Telma Monteiro O céu estava escuro, um nublado plúmbeo. Muito calor e umidade e ar abafado traziam um silêncio agonizante na floresta. Um silvo ou assovio ecoou para alertar os animais e espantar a indolência no ar. Humano? O ser coberto por um negrume que parecia pó de carvão imobilizou-se, mimetizado entre ramos e galhos. Eram sombras suaves brincando na pele brilhante respingada de gotículas. As passadas eram cuidadosas, mas pareciam retumbantes naquele silêncio quebrado pelo som dos gravetos que gemiam ao seu peso. O índio solitário tentava entender os movimentos e sons que vinham do meio da mata qual um animal desconhecido. O galho estalou no alto da árvore.  Um vulto brilhou contra a luz pálida daquele dia cinza, mostrando dentes reluzentes e forma desconhecida e assustadora. O índio arqueou o pescoço e viu o monstro. E o barulho era indecifrável. Um ranger de ferros e correntes vinha de um grande objeto metálico. Apenas um e