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Mostrando postagens de março, 2014

Hidrelétrica Santo Antônio do Jari: energia para produzir celulose no coração da Amazônia

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Foto aérea da fábrica de celulose às margens do Jari (Wikipédia) - Fonte: Observatório Ambiental A barragem da UHE Santo Antônio do Jari rompeu hoje (29) no município de Laranjal do Jari , no Amapá. Há vítimas e ainda não se tem ideia das implicações ambientais do acidente. É importante conhecer a história desse projeto desde sua concepção. Publiquei o artigo em 2008 e o reproduzo agora, atualizado.  Estudos da Aneel projetam a construção de mais três hidrelétricas no rio Jari.   Rio Jari: energia para celulose Por Telma Monteiro Jari é uma variação da palavra indígena airi . Significa "rio da castanha". O rio Jari é afluente na margem esquerda do rio Amazonas e limita os estados do Pará e Amapá. O município de Laranjal do Jari (Amapá) tem aproximadamente 37 mil habitantes às margens do rio e que vivem em palafitas de até dois andares. Laranjal do Jari já foi a campeã em prostituição infantil. A hidrelétrica no rio Jari acabaria com a exuberante Cachoeira de

O escândalo do licenciamento ambiental das hidrelétricas no rio Tapajós – Parte 1

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Localização da UHE Jatobá - Mapa Eletrobras Uma análise dos bastidores do processo de licenciamento das hidrelétricas planejadas no rio Tapajós.   Por Telma Monteiro   O processo de licenciamento da hidrelétrica (UHE) São Luiz do Tapajós começou no Ibama, em 25 de maio de 2009. Nesse dia, o diretor de Licenciamento Ambiental, Sebastião Custódio Pires, requisitou a abertura do processo de licenciamento da UHE São Luiz do Tapajós, no rio Tapajós, a pedido da Eletrobras. Nesse mesmo mês foi emitido o Termo de Referência (TR) para elaboração do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e respectivo Relatório de Impacto Ambiental (RIMA). O projeto da UHE São Luiz do Tapajós foi planejado para operar a fio d’água, no médio Tapajós, na porção oeste do Pará. A ficha de abertura do licenciamento diz que o reservatório terá 722,25 quilômetros quadrados e ocupará parcialmente os municípios de Itaituba e Trairão. Os cálculos são grandiosos para barrar o indomável rio Tapajós. Exemplo disso é

Um depoimento sincero sobre os Tenharin e Jiahui, por Telma Monteiro

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Japi’i Tenharin (de camisa verde) e Moangathu Jiahui se dirigem à mesa, composta por Deborah Duprat, Telma Monteiro e Cleber Buzatto. Foto: FAOR O foco midiático do caso Tenharin, em Humaitá, sempre foi as mortes dos três homens, atribuídas à vingança dos indígenas pela morte do cacique Ivan Tenharin. Questões a meu ver importantes, como informações sobre o cacique Ivan Tenharin, sobre o atropelamento ou sobre a cobrança do pedágio, foram omitidos. Resolvi, então, aproveitando a oportunidade, ouvir o relato de duas lideranças, uma Tenharin e outra Jiahui. Estávamos juntos no Simpósio Energia e Mineração em Terras e Rios dos Povos Originários, na UNB, em Brasília, quando perguntei se eles queriam falar a respeito. Eles concordaram e abriram seus corações. Por  Telma Monteiro , exclusivo para  Combate Racismo Ambiental Algo jamais mencionado nas notícias publicadas, mesmo em blogs sérios, diz respeito ao fato de o  cacique Ivan Tenharin, um Cacique Patriarca Tradicional, ter mor

Apagão? Não, imposição de um modelo decadente

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Charge: sociedadealternativasaorafaelrn.blogspot.com  Por Telma Monteiro Ironia do destino. O JN informou que as hidrelétricas estão com nível quase igual ao da época do apagão. “Foi o terceiro mês seguido de queda. A quantidade de água dos reservatórios nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, que abastecem 70% do país, vem baixando desde o início da temporada de chuvas: 43% da capacidade de armazenamento em dezembro do ano passado; 40% em janeiro deste ano e 34% agora em fevereiro. É um nível semelhante ao de fevereiro de 2001, ano do racionamento, quando os reservatórios estavam com 33% da capacidade. ” Bem feito. Não foi falta de avisos por parte de cientistas, especialistas, pesquisadores, professores. Uma matriz elétrica calcada em mais de 70% em hidrelétricas, com as mudanças climáticas batendo na nossa porta, só poderia dar nisso. “Fartura de energia”, diz o governo. “Somos abençoados por uma energia tão limpa, enquanto o mundo se estapeia por ela”. Mas esse mundo

Hidrelétricas do rio Madeira e impactos teleguiados

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Hidrelétrica  Jirau, fotografada hoje, 04/03 - Foto: acpurus.com Por Telma Monteiro Resgatando um pouco da história das usinas do Madeira 2 Revisando minhas anotações colhidas durante a pesquisa dos vários documentos que integram o processo de licenciamento dos aproveitamentos hidrelétricos Santo Antônio e Jirau do Complexo do Madeira, em Rondônia, como o Estudo de Viabilidade e o Estudo de Impacto Ambiental (EIA), acabei me deparando com muitas afirmações que nos levam a questionar a legitimidade desses empreendimentos.   Os técnicos das empresas contratadas pelo Consórcio Furnas e Odebrecht para elaborar os estudos e que pesquisaram os dados que lá estão registrados, me parecem, defendem a tese de “impactos teleguiados”: as áreas de influência do aproveitamento hidrelétrico Jirau iriam até a fronteira com a Bolívia e dali não passariam. Durante o processo de análise do EIA passou despercebida pelos técnicos do Ibama a mais absurda das conclusões contidas naqueles e